Thelma Pires Gerônimo da Motta
Izabel Cristina de Souza Saturnino da Silva
Roselene de Jesus Motta da Silva

Anais do Seminário ISCI de Educação e Práticas Pedagógicas
Instituto Saber de Ciências Integradas
Realizado nos dias 17, 18, 24, e 25 abr./2021 e 1, 2, 8, 9, 15, 16, 22 e 23 de maio/2021

RESUMO

Por meio da brincadeira a criança realiza sonhos, se desenvolve plenamente, amadurece, imita quem está em seu cotidiano, testa seus limites e capacidades, sendo assim este estudo partiu do interesse que temos pelo estudo das brincadeiras infantis de um tempo que já passou bem como as brincadeiras de hoje em dia, sua importância para o desenvolvimento da criança na educação infantil. Por meio de pesquisa bibliográfica, embasamos em autores que vêm ao encontro do interesse desta proposta de pesquisa. O objetivo é o de apresentar o quão importante são as brincadeiras no desenvolvimento físico, cognitivo e social das crianças em idade de escolarização da Educação Infantil, de como elas podem gostar das brincadeiras de ontem e de hoje, sem que estas sejam impostas, mas que garantam aprendizados indispensáveis para o processo de formação do sujeito.

Palavras-chave: educação Infantil. Brincadeiras antigas. Brincadeiras de hoje.

INTRODUÇÃO

Este estudo partiu do interesse que temos pelo estudo das brincadeiras infantis de um tempo que já passou bem como as brincadeiras de hoje em dia, sua importância para o desenvolvimento da criança na educação infantil. Fazendo uso de pesquisa bibliográfica, fizemos o levantamento bibliográfico de autores que vêm ao encontro do interesse desta proposta de pesquisa. O objetivo é o de apresentar o quão importante são as brincadeiras no desenvolvimento físico, cognitivo e social das crianças em idade de escolarização da Educação Infantil, de como elas podem gostar das brincadeiras de ontem e de hoje, sem que estas sejam impostas, mas que garantam aprendizados indispensáveis para o processo de formação do sujeito. Tendo em vista que a escola é o espaço em que as crianças terão a possibilidade de aprender e transformar suas primeiras impressões, cabe a ela participar na formação do aluno, garantindo momentos de conhecer aos outros e a si mesmo por meio de brincadeiras antigas e de hoje em dia.

A BRINCADEIRA

Constitui-se numa atividade em que o indivíduo, sozinho ou em grupo, procura compreender o mundo e as ações humanas nos quais se insere cotidianamente. Toda brincadeira possui regras que são definidas e respeitadas por aqueles que brincam e possui três características: a imaginação, a imitação e a regra.  Essas características estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis. Cada uma delas aparece de forma mais evidente ou em um tipo ou outro de brincadeira.

Segundo Santos (1998) “a brincadeira embora fosse um elemento presente na história humana desde suas origens, só na atualidade adquire uma nova conotação, pois antes era visto como fútil e seu objetivo a distração e o recreio” (apud BROLESI, STEINLE E SILVA, 2015, p.28). A mesmas ainda acrescenta:


“brincadeira é criar, desenvolver imaginação, confiança, autocontrole, cooperação, aperfeiçoamento do corpo e da mente, levando a estabilidade emocional, sem contar o quanto auxilia como instrumento de ação e de educação” (BROLESI, STEINLE E SILVA 2015, p. 28).

Por meio da brincadeira a criança realiza sonhos, se desenvolve plenamente, amadurece, imita quem esta em seu cotidiano, testa seus limites e capacidades, ou seja, a criança que não passa por essa fase do brincar, tornará um adulto frustrado e insatisfeito para o resto de sua vida.

Nesse sentido Almeida diz que “a criança, com a brincadeira, chega à fase intuitiva através de exercícios psicomotores e do símbolo, transforma o real em função das múltiplas necessidades do e “eu”, as brincadeiras passam a ter serenidade, sentido funcional e utilitário” (apud BROLESI, STEINLE E SILVA, 2015, p.28). Desse modo quanto mais estimulado, mais a criança terá vontade de explorar novos conhecimentos.

AS BRINCADEIRAS DE ANTIGAMENTE

Ao reconhecer a importância do brincar como interações da criança com o mundo consideraram relevante identificar nas brincadeiras infantis tradicionais de ontem a dimensão da imaginação criadora produzida pelo encontro e vivido na ação lúdica. Pois já existiu um tempo em que não havia tantas variedades de brinquedos, então as crianças usavam tocos de madeira, pedrinhas, legumes e palitos para fazer animais e mesmo assim se divertiam, com muita criatividade. As brincadeiras mais famosas eram: cobra-cega, bata-quente, pular corda, amarelinha, três Marias, balança caixão, ioiô, esconde-esconde, rouba bandeira, bolinha de gude, estátua, escravos de jó, corrida do saco, cantigas de roda, passa-anel, roda-pião, corre cutia, pega-pega, empinar pipa, entre outras. Se prestarmos bem atenção, iremos perceber que estas brincadeiras eram realizadas sem meios tecnológicos e com pouco ou nenhum investimento financeiro, já que eram confeccionados com materiais encontrados no próprio quintal e mesmo assim as crianças tinham momentos de pura diversão, criação, movimentos e prazer.

Quando vemos uma criança brincando, sentimos atraídos pelas representações que ela desenvolve. É importante ressaltar os diversos caminhos que a brincadeira concede na formação da criança, e as relações com a imaginação criadora, pois compreendemos a imaginação como fonte primeira para o processo ensino-aprendizagem, seus sentidos e significados que os objetos assumem dentro de um contexto. Assim o retorno às brincadeiras do passado é fundamental para a educação e o desenvolvimento da criança. Nessa experiência lúdica, a criança cultiva a fantasia, vivência a amizade e a solidariedade, o que consideramos fundamental para se desenvolver uma cultura solidária na sociedade brasileira atual.

Pensamos que reaver as brincadeiras infantis do passado conhecê-las e trazê-las de volta para o cotidiano escolar é um importante processo para a exploração e a preservação da cultura, além de serem atividades vivenciadas tanto pela ação livre e espontânea da criança como pela ação orientada por adultos. As fases escolares da criança nos dão a chance de identificar que é por meio das experiências vividas com o fazer, o experimentar, o brincar e o imaginar que se concebe a verdadeira fonte de aprendizagem por diferentes vias de leitura das linguagens plásticas, poética, corporal e lúdica.

De acordo com Kishimoto,


“as brincadeiras e brinquedos estimulam a representação de imagens que evocam aspectos da realidade, as ações do brincar metamorfoseiam e fotografam a realidade, reproduzem o mundo técnico e científico e o modo de vida atual”. (2011, p.20-21).

O trabalho criativo das brincadeiras que rompem no tempo da infância leva o homem a novos diálogos, uma descoberta por meio da imaginação criadora. Cabe ressaltar que o retorno às brincadeiras infantis de ontem nas fases escolares das crianças, devem ser revividas de uma maneira bastante original nos espaços escolares.

Os estudos teóricos trazem alguns aprendizados. O primeiro é que o momento da criança brincar reúne possibilidades criadoras e inventivas. É tempo da construção da imaginação, do armazenamento das imagens primeiras. Para compreender a importância dos jogos e brincadeiras tradicionais devemos situá-los dentro de um contexto mais amplo da cultura infantil. Segundo Bernardes (2012, p.543) com apoio nos estudos de Cascudo (1984) e Kishimoto (1999, 2003), “os jogos tradicionais infantis fazem parte da cultura popular, expressam a produção espiritual de um povo em uma determinada época histórica, são transmitidos pela oralidade e sempre estão em transformação, incorporando as criações anônimas de geração para geração”. As brincadeiras e jogos tradicionais possuem, enquanto manifestações da cultura popular, a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver a convivência social. Essas brincadeiras mudam no processo de esforço criativo, coletivo incorporados pelas crianças de forma espontânea, variando as regras de uma cultura para outra ou de um grupo para outro, muda a forma, mas não o conteúdo.

Contudo as brincadeiras antigas devem ser resgatadas pelos educadores com objetivo de propiciar continuidade cultural, enriquecimento do aprendizado, movimentos corporais amplos, ou seja, usa-la em suas aulas como instrumento de ação e educação.

AS BRINCADEIRAS HOJE

Com o passar dos tempos, as brincadeiras ingênuas, e sem qualquer tipo de tecnologia está praticamente deixada de lado, hoje tem se brinquedos que não exigem mais a criatividade e a confecção dos mesmos pelas crianças, já que estes já estão todos prontos para uso.

Hoje em dia normal ver uma criança que, ao mesmo tempo, fala no celular, navega na internet, assiste televisão e ainda faz atividades escolares. As crianças hoje se divertem com computadores e vídeo games, fazendo com que as brincadeiras de antigamente não chamem mais a atenção. A notícia hoje em dia é em tempo real, o aprendizado das crianças é mais rápido, não existem barreiras de tempo ou de distância para que qualquer um saiba o que está acontecendo.

Com os avanços da modernidade, hoje, as brincadeiras são mais dentro de casa em vídeo games, computadores e muitas se divertem assistindo DVD de desenho o dia todo e aquela infância gostosa de correria e alegria quase não se veem mais. Nesse contexto Almeida enfatiza: “contudo, o correr, o pular, entre outros exercícios, estimula a coordenação motora ampla […](apud BROLESI, STEINLE E SILVA, 2015, p.28).

As brincadeiras que forçam as atividades físicas são excelentes para o desenvolvimento motor, equilíbrio, destreza e a agilidade na infância. No entanto, as atividades que exigem esforços físicos também estão estimulando o desenvolvimento mental, trabalhando a disciplina e concentração da criança conforme a atividade praticada.

Somos sabedores que existem varias opções para a diversão das crianças, mas as brincadeiras infantis que trazem maior satisfação e entusiasmo para a criançada são as brincadeiras que são feitas em competição. O ato de competir significa buscar um objetivo e exige concentração, raciocínio lógico, esforço físico além de estimular a imaginação e a criatividade das crianças e é uma brincadeira saudável e prazerosa mesmo sem recompensa estabelecida nos resultados das competições.

Os brinquedos que consideramos ideais são aqueles que ajudam o desenvolvimento cognitivo da criança, que os fazem pensar, imaginar, sonhar. Muito diferente dos games de lutas, tiros e pancadarias e dos famosos desenhos que as crianças se mostram cada vez mais viciadas, mas quem não tem nenhum beneficio além de alguns minutos de sossego para os adultos.

CONSIDERAÇÕS FINAIS

A partir deste levantamento e observações feitas podemos considerar que o período escolar poderá ser mais aproveitado com propostas e projetos de retorno as brincadeiras de ontem e de hoje em diferentes momentos escolares. Esses momentos proporcionarão momentos e vivências variadas para que a criança enriqueça suas diversas habilidades motora e social.

A nossa volta esta cheia de brinquedos inusitados, modernos, sofisticados, multifuncionais, atrativos, já prontinho para ser consumido. Então para que produzir o meu? Não quero aqui dizer que a modernidade não traz benefícios, mas sim que a dosagem do uso tecnológico nas brincadeiras infantis deve ser colocada na balança e que haja um equilíbrio entre o antigo e o novo. E na educação infantil é uma ótima oportunidade para a inserção de brincadeiras antigas como continuidade cultural e brinquedos atuais como acompanhamento da modernidade.

A brincadeira espontânea não necessita obrigatoriamente de objetos prontos, a criança cria e transforma uma tampinha em uma panelinha com facilidade e brinca. As brincadeiras de crianças podem ser feitas de varias maneiras, mas é importante observar como e onde as crianças estão brincando. Brincar ao ar livre, por exemplo, deixa a brincadeira mais saudável.

Criar oportunidades para que as brincadeiras entre pais e filhos aconteçam também é uma ótima oportunidade para o crescimento e de ambos. Os pais devem estar mais atentos e estabelecer horários para o uso do computador, da TV, dos jogos eletrônicos, observar a postura inadequada da criança, incentivar a atividade física, isso fará com que a criança tenha um equilíbrio entre as atividades.

Enfim, a criança reproduz na brincadeira a sua própria vida, através dela ela constrói o real, delimita os limites frente ao meio e o outro sente prazer de poder atuar ante as situações e não ser dominados por elas.

REFERÊNCIAS

BERNARDES, E. L. Jogos e brincadeiras tradicionais: um passeio pela história. Uberlândia, 2012.

BROLESI, Margarete de Lourdes; STEINLE, Marlizete Cristina Bonafini; SILVA, Suhellen Lee Porto Orsoli. Jogos, brinquedos e brincadeiras. Londrina: S.A., 2015.

CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. 12 ed. São Paulo: Global, 2012.

FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.

KISHIMOTO, T. M. Jogos, brinquedo, brincadeira e a educação. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2011.